Seria hipocrisia negar a importância do dinheiro em nosso dia a dia. Através dele conseguimos melhorar a qualidade de vida. O problema é quando ele, equivocadamente, é visto como único promotor da felicidade, ou quando nos oferece a ilusão de superioridade. Passamos a vê-lo não como uma necessidade natural de viver bem, mas como uma obsessiva vontade de querer ficar rico.
Vivemos numa sociedade capitalista, onde a lei do consumo governa atitudes, comportamentos. A minha reflexão vai para o perigo que reside assumir a compreensão de que acumular dinheiro deva ser a prioridade no nosso viver.
Aquele desejo incontido de querer construir fortuna a qualquer custo. Dedicar um amor exacerbado a tudo o que se relacione ao “vil metal”. É bíblica a afirmação de que “o dinheiro é a raiz de todos os males (Timóteo 6.10)”.
Esse entendimento, na verdade, é uma advertência para os que fazem do seu uso a prática da usura, da ganância, da cobiça, da avareza. A situação em que corrompe caráter, modifica personalidades, estimula o desrespeito aos princípios da fraternidade, da solidariedade, do amor ao próximo. O exagerado amor ao dinheiro torna o homem escravo da opulência, alguém que não sabe lidar com eventuais dificuldades financeiras. Se acha infeliz quando as circunstâncias não favorecem seus anseios voltados para a produção de riqueza.
Perde a noção do que sejam valores morais e éticos, fazendo a vida girar exclusivamente em torno de valores efêmeros nascidos das necessidades materiais e imediatistas, desprezando conceitos como honestidade, senso de justiça, igualdade, humildade, na intenção de ganhar poder e fama através do dinheiro. Érico Verissimo nos alerta de que “quando o amor ao dinheiro nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu “.
Por Rui Leitão