A imprensa nacional, boa parte ainda vinculada aos interesses norte-americanos, insiste em desvirtuar a posição assumida pelo governo LULA, no que diz respeito às relações internacionais do Brasil. O que tem provocado essa reação é o fato de que o governo atual decidiu que o Brasil não tem obrigação de adotar uma política externa alinhada aos Estados Unidos. Em outras palavras, não admite abrir mão da soberania nacional.. Por isso, estabelece como principal linha de conduta diplomática, a defesa dos interesses nacionais, sem qualquer vinculação política ou ideológica com outro país. E isso tem incomodado os “americanistas”.
O pragmatismo da política externa declarada publicamente, busca estabelecer laços de cooperação com todas as nações, considerando, acima de tudo, a promoção de uma ordem mundial pacifista e multipolar, sem afrontar ninguém. E tem feito isso com absoluta transparência.
É preciso acabar com a lógica de que os Estados Unidos sejam considerados nossos parceiros principais e a eles devamos nos submeter incondicionalmente. A parceria não pode ter bandeira nacional preferida. Nem deva se preocupar com manifestações de ciúmes porque passamos a dialogar e negociar, em condições de igualdade, com outros países. É tempo de por um fim no imperialismo norte-americano, sem prejuízo da manutenção das relações comerciais e políticas até então praticadas, desde que sem submissão a outros interesses que não sejam os nossos.
O Brasil sinaliza que quer ter uma participação mais ativa no mundo, sem quaisquer amarras político-ideológicas. Este processo histórico que se inicia, direciona a não vincular as transações comerciais, com caráter exclusivo, ao dólar americano, permitindo que sejam viabilizadas em moedas nacionais. E é, exatamente isso, que tem provocado reações das conhecidas vozes do imperialismo. Entram em pânico quando vêem o presidente defender a independência do Brasil às tradicionais potências mundiais.
Inicia-se um novo tempo da diplomacia brasileira. A China, conhecida como o “gigante asiático”, é, sem qualquer dúvida, um aliado estratégico na redefinição do panorama geopolítico global. E o Brasil se recusa a tomar partido nessa disputa entre americanos e chineses na pretensão de assumirem a liderança política e comercial do planeta. Ambos são parceiros importantes, indiferente das suas posições ideológicas. O que se percebe é que há uma mudança na política internacional. E o Brasil, com independência, passa a atuar na conformidade do que lhe interessa diretamente. Mas há quem se importune com isso, porque se acostumou ao papel de submissão a que historicamente nos colocamos na relação com os Estados Unidos.
Rui Leitão