Coube ao deputado Hervázio Bezerra sacramentar, ainda que em doses homeopáticas, o “divórcio” entre o ex Ricardo Coutinho, de quem foi líder na Assembleia, e o governador João Azevedo, de quem é secretário (Juventude, Esporte e Lazer). E Hervázio deixou, como se diz, bem esqueletado, o discurso para os demais deputados do PSB que preferem seguir João.
Uma frase sua foi emblemática, para se definir na nova geografia que se desenha, após este “divórcio” entre Ricardo e João: “Os filiados do partido (PSB) e vocês da imprensa sabem quem está com equilíbrio, sensatez e a razão.” E sentenciou que a separação é sem volta, porque acabou o afeto.”
Durante entrevista, ontem (segunda, dia 19), na rádio Correio, Hervázio disse que foi eleito no esquema do governo, e que, desta forma, seguirá como governo. Uma metáfora para justificar sua opção por João Azevedo. Justo. Justíssimo. E quem chegou a ouvir Hervázio, no particular, pode ouvir dele muitas queixas contra Ricardo Coutinho.
Como líder, Hervázio chegou a ficar mais de 30 dias sem uma audiência com o ex-governador. E sequer conseguiu emplacar um pleito da família Bezerra, que reivindicava reverenciar a memória do ex-deputado Waldir Bezerra (pai de desembargadora Fátima Bezerra), falecido em 2013, dando seu nome à Perimetral Sul. Pleito rejeitado por RC. Magoou a família e arranhou o prestígio de Hervázio com seus parentes.
Talvez por essas e outras, na manhã desta terça, o homeopático Hervázio pisou mais fundo. Em entrevista à rádio Jovem Pan, ele responsabilizou Carlos Siqueira, e as deputadas Estela Bezerra e Cida Ramos pelo rompimento que, para ele, não tem mais volta. Ou seja, queimou as pontes com o presidente nacional do partido, sinal de que está fora da legenda e, de quebra, inviabilizou a convivência com Estela e Cida.
Siqueira, por ter tomado partido na disputa entre Ricardo Coutinho e João. Estela e Cida por terem tornado públicas suas insatisfações contra Edvaldo Rosas, e defenderem abertamente sua saída da presidência do PSB. Para Hervázio, um assunto assim, deveria ter sido tratado nos bastidores do partido, nunca para o público externo.
Está claro que Hervázio não fala por si só. Fala por aqueles deputados que sempre foram detratados por Ricardo Coutinho, mas nunca tiveram coragem de peitar o ex-governador temendo represálias, e ficaram se consumindo em mágoas e ressentimentos. Fala também por setores azevedistas que advogam a emancipação de João em relação ao ex-governador. Inclusive familiares que não toleravam a arrogância e a empáfia como RC tratava Azevedo.
Resumo da ópera: somente um milagre evitará a rompimento entre Ricardo Coutinho e João Azevedo, porque há magoas demais e afagos de menos. Não apenas dos protagonistas, mas também dos muitos que foram humilhados durante anos.
heldermoura.com.br