Provoca uma preocupada inquietação percebermos que ainda existe parte da população brasileira vulnerável às manipulações, sejam em nível social, midiático, político ou publicitário. Mais grave ainda quando se observa que são manipulações mal intencionadas, atendendo o objetivo de fazer com que se perca a autonomia emocional, a soberania pessoal. Procuram brechas que permitam influir nas opiniões, comportamento e sentimentos de outros.
O manipulado nunca admite que isso esteja acontecendo consigo. Acha que está tendo suas próprias ideias. Julga-se alguém que pensa por si próprio, quando, na verdade, fundamenta suas convicções por influências alheias.
Corre o risco de perder a capacidade de discernir e decidir pela própria vontade, deixando de dar importância à consciência crítica, tão importante para o exercício da democracia, onde prevalece o entendimento majoritário. O entusiasmo das paixões políticas produz uma cegueira mental que fragiliza o poder de percepção do prejuízo causado por determinados conceitos absorvidos pela propaganda.
O manipulador trabalha no sentido de conquistar adeptos às suas ideias, facilitando assim o triunfo de suas intenções. Enquanto isso, os manipulados se transformam em massa de manobra na conformidade do atendimento às conveniências do manipulador.
O Brasil contemporâneo está, então, susceptível à interferência aventureira das mentes manipuladas. A guerra ideológica, os conflitos político-partidários, a intolerância ao contraditório, o clima de hostilidade e beligerância alimentado por grupos sectários, põem em risco, não só a necessária união nacional, mas também a liberdade de agir e pensar do brasileiro.
Por Rui Leitão