Um dos graves problemas que nos afligem na contemporaneidade é o aumento da população em situação de rua em nosso país. Esse segmento populacional, nacionalmente falando, teve um impacto de crescimento no período de 2019 a 2022, em mais de 35 %, segundo dados do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Não podemos deixar de reconhecer que isso se deveu, principalmente, como consequência da crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19.
O mais preocupante é a constatação de que a elevação do número de pessoas vivendo na rua é maior, proporcionalmente, do que o crescimento vegetativo da população como um todo. Historicamente esses indivíduos são considerados “cidadãos de segunda classe”, por conta da sua invisibilidade social. Não dispondo de renda suficiente para conseguir espaços que lhes garantam uma moradia digna, não lhes sobram alternativas a não ser ocupar as ruas.
É impossível enumerar exatamente quais motivos levam alguém à situação de rua. Daí porque é essencial que consideremos estabelecer uma relação mais humanizada com esses indivíduos. São grupos heterogêneos, enfrentando dificuldades diferenciadas. Não podemos jogar toda a responsabilidade para a solução do problema nos poderes públicos. Embora alguns governantes não demonstrem a menor sensibilidade com as necessidades dessas pessoas. A sociedade civil organizada precisa refletir e debater buscando encontrar
possibilidades visando à implantação de uma dinâmica que considere os diferentes grupos numa perspectiva de melhor acolhida, não exigindo deles que por si mesmos alcancem os recursos para rompimento do vínculo com as ruas.
Ainda que existam governos que têm procurado desenvolver políticas públicas para minimizar esse problema, é uma questão que exige melhor atenção das autoridades para oferta de amparo aos “irmãos de rua”, como os trata o Padre Lancellotti. O governo da Paraíba, nas gestões João Azevedo, tem procurado atender às necessidades dessa população, inserindo-a em políticas socioassistenciais específicas para a garantia
de direitos, orientação, acolhimento institucional e reintegração social. A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano tem dedicado especial atenção na oferta de ações e serviços para esses grupos vulneráveis.
É uma triste realidade. Essa é uma questão moral e ética a que devemos todos, sem exceção, procurar conferir, a cada um desses indivíduos, o respeito à dignidade da pessoa, o direito à convivência familiar e comunitária, bem como a valorização da cidadania.
Por Rui Leitão