Há muito se fala no Brasil que as pesquisas eleitorais estão em completa dissonância com a realidade das urnas. Temos visto, com o passar dos anos, cada vez mais erros dos inúmeros institutos de pesquisa em atuação no período eleitoral, o que certamente influencia no resultado de qualquer eleição majoritária.
A desculpa mais comum entre políticos e marqueteiros é que uma eleição é um filme, enquanto uma pesquisa, apenas a foto de um momento. Infelizmente, há de se concordar que ou o filme é muito longo, ou a foto foi mal tirada. Na minha humilde opinião, entendo que a foto é mal tirada e o tal do filme emperrou de vez.
Não é novidade alguma que institutos dão vantagem a candidatos com uma pontuação completamente distante, muitas vezes em mais de dez pontos percentuais. Lembro-me, com exatidão, que em 2002 o Senador Efraim Morais -pai do foguete- vinha com um percentual muito distante de seu companheiro de chapa, o ex-governador Wilson Braga, que na boca miúda estava mais que eleito.
No dia da referida eleição, Efraim chegou à frente de Wilson Braga, causando um espanto estrondoso em toda Paraíba, que dava como certa a vitória de deste último.
Fico eu a me perguntar e imaginar se, no tempo de hoje, Efraim tivesse jogado a toalha, se tivesse baixado as armas, deixado para lá, visto que tal diferença chegou a ser de quase o dobro. Certamente teria perdido a eleição!
Atualmente, a coisa piorou tanto que tem instituto que dá vantagem a determinado candidato A, com larga diferença, enquanto outro instituto dá vantagem a determinado candidato B, opositor daquele primeiro, com exatamente a mesma diferença, ou seja, virou uma verdadeira guerra de números e de metodologias diferentes, como se quisesse agradar o lado que mais lhe convém.
É preciso dar um freio nisso, o destino de um país e de um Estado não pode ficar à mercê das vontades de gente irresponsável, nem de contratantes, tampouco de “estatísticos” que fazem determinadas aferições ao prazer de quem paga ou de quem lhe interessa. Num país onde muitos usam o pensamento de que “eu não vou perder meu voto, vou votar em quem a pesquisa apontou que está na frente”, isso é uma tremenda barbaridade, inequívoco atentado contra a democracia e o Estado Democrático de Direito.
O Congresso precisa agir com a firmeza e a urgência que a situação demanda, proibindo, de uma vez por todas, a manipulação escancarada das eleições no Brasil.
Isso nada tem a ver -como deverão pensar os paladinos de tal imoralidade- com o cerceamento do direito à informação ou coisa parecida. Ao contrário, é para, justamente, interromper os mais diversos desatinos das pesquisas, que sem sombra de dúvidas, interferem diretamente no resultado de uma Eleição, levando o cidadão e candidatos a desistirem de um propósito, que seria totalmente possível, em detrimento de um chamado “voto útil”.
Portanto, não tenho nenhum problema em dizer, com total convicção, que o único caminho é a proibição da divulgação de qualquer pesquisa durante o período eleitoral. Isso é respeitar a democracia, os eleitores e os candidatos.
Por Júnior Belchior