Em nova reviravolta dentro do PSL, o Delegado Waldir (GO) decidiu entregar o cargo de líder do partido na Câmara. A desistência do deputado de ocupar o posto foi anunciada por meio de um vídeo gravado por ele na manhã desta segunda-feira (21) e divulgado por sua assessoria de imprensa.
Nos últimos dias, ele travou uma disputa, incluindo troca de acusações, com a ala do PSL ligada ao presidente Jair Bolsonaro. O deputado Delegado Waldir é ligado ao grupo do presidente do partido, Luciano Bivar (PE).
O líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo (PSL-GO), chegou a protocolar pela manhã à Secretaria-Geral da Mesa Diretora uma lista com 29 assinaturas para destituir Waldir da liderança do PSL na Câmara e substitui-lo pelo deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente.
Liderança
A nova ofensiva do governo pela liderança do partido na Câmara ocorre após a guerra travada pelas duas alas na semana passada. A ala bolsonarista tentou destituir Waldir da liderança do PSL na Casa, sem sucesso.
Em retaliação, o presidente Jair Bolsonaro retirou a deputada Joice Hasselmann (SP) da liderança do governo no Congresso. Ela deve ser substituída pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), que é vice-líder.
Bivar decidiu ainda destituir Eduardo e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, dos comandos da legenda em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Outra aliada de Bolsonaro, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) também foi removida da presidência do PSL do Distrito Federal.
Ânimos Acirrados
Em meio a isso tudo, foram divulgados dois áudios que acirraram os ânimos nas duas alas. O presidente foi gravado falando com um interlocutor sobre a lista para retirar Waldir da liderança do PSL. Em outro, o próprio Waldir chamou Bolsonaro de vagabundo e disse que ia implodir o presidente.
O áudio, de duração de nove minutos, traz uma série de reclamações dos deputados sobre a interferência do presidente na liderança do partido.
Houve ainda denúncias de compra de apoio de parlamentares por Bolsonaro. Segundo Waldir, o presidente teria oferecido cargos e controle partidário a quem votasse em Eduardo para líder do PSL na Câmara.
A atual crise no partido tem como origem o esquema de candidaturas laranjas do PSL, caso revelado pela Folha em uma série de publicações desde o início do ano. O episódio é um dos elementos de desgaste entre o grupo de Bivar e o de Bolsonaro, que ameaça deixar o partido.