No Brasil, cerca de 150 milhões de pessoas acessam as redes sociais, segundo dados do relatório Digital 2021, parceria entre We Are Social e a Hootsuite. O país é o terceiro do mundo que mais utiliza as plataformas. De acordo com estimativas, na Paraíba, esse número é de 3,6 milhões, sendo que 88% dos usuários possuem redes sociais, campo fértil para disseminação de conteúdo. De olho nesses canais, postulantes aos cargos públicos, começam a colocar em prática estratégias de marketing político.
Faltando um pouco mais de 1 mês para as eleições, conversamos com o Jornalista e Professor de Marketing Político, Rodolpho Raphael que falou da importância de os candidatos angariarem um forte engajamento e se tornarem conhecidos, principalmente pelo público mais jovem que cresceu consubstancialmente este ano. Importante ressaltar que em 2022, um dos maiores aumentos registrados foi no número de jovens entre 16 e 17 anos, cujo voto é facultativo.
Rompendo o ‘velho’ marketing político
O marketing político nas mídias sociais parte do pressuposto da criação de um relacionamento mais próximo entre o candidato e seu eleitorado, já que é essencialmente, marketing de relacionamento. É essa a ideia por trás das redes sociais, criar um canal rápido, fácil e barato para que o candidato possa dialogar com os eleitores e eles com os candidatos.
Com a enorme rejeição que a classe política em geral tem no momento, por causa das sucessivas crises econômicas e sociais geradas por crises políticas consecutivas, muitos políticos têm preferido o caminho de usar as redes em branding para construção de reputação e autoridade de marca, deixando de lado, muitas vezes, os processos de integração e engajamento com os seus seguidores. O ideal é fazer os dois.
Segundo o especialista, são mais de 21,6 milhões de eleitores entre 16 e 24 anos de idade aptos a votar em 2022, para ele, é preciso romper com o velho modelo de marketing político que até então é adotado por outros colegas e agências, principalmente porque observa-se que o perfil do eleitorado tem mudado desde a última eleição. “Também se faz necessário entender a forma como o público jovem se comunica; ter conhecimento sobre seus principais anseios, estar presente nas redes sociais onde eles se concentram e produzir com linguagem adequada um conteúdo voltado para cada uma dessas redes”, afirmou.
Conteúdo 24h por dia, 7 dias da semana
A rotina de campanha eleitoral para aqueles que trabalham nesse segmento é extensa durante este período, a ponto dos colaboradores quase se mudarem para empresas onde prestam serviços de comunicação a estarem ‘Full time’ 24h por dia, de domingo a sábado.
Perguntado também sobre a questão de conteúdo e estratégias para candidatos e sua importância de estarem sempre presentes em redes sociais, o professor Rodolpho, assegura que os políticos precisam estar abertos a vivenciar a experiência que o marketing político propõe.
“A forma de fazer política mudou, o eleitorado está mais esclarecido, procura fontes, números, dados e informações. As redes sociais são uma espécie de praça onde os eleitores, especialmente os jovens estão e por onde eles circulam. Se você quiser falar com ele, tem que ir nessa praça. E ela tem vários cantos, com muitas tribos. E você precisa estar em todos eles”, ponderou o professor e jornalista.
Ainda segundo Rodolpho, nas plataformas de redes sociais, os internautas já estão acostumados com conteúdo que ficam até 24 horas disponíveis para acesso, como exemplo dos stories do Instagram, Facebook e WhatsApp. “É um formato que a cada dia toma mais força, podendo superar até mesmo o modelo de postagem no feed (em que a postagem não desaparece após 24 horas, mas sim permanece ali) do Instagram e Facebook. Elas são perfeitas para um contato mais informal sobre as atividades do dia a dia e mais eficazes quando buscamos interação com o eleitorado, podendo contar com funcionalidades como enquetes, gifs, memes, tantos outros”, afirmou.
Rodolpho também alerta que é necessário estar muito atento às postagens, pois apesar de ser um local informal, é preciso que sua comunicação ali esteja alinhada a imagem que o candidato pretende construir. ‘Um deslize em um Stories de 15 segundos pode deixar marcas na imagem do candidato e pode colocar tudo a perder. Então tudo o que deve ser feito, precisa ser pensado, planejado, executado e avaliado, principalmente na era do TikTok, Reels, IGTV, User Generated Content, automatização, Inteligência Artificial e tráfego,” mensurou, Rodolpho.
Por fim, professor alerta aos candidatos que ter um perfil em uma rede social não vai garantir a eleição de ninguém. O que realmente elege um candidato é uma ação de marketing digital com estratégia e planejamento estritamente sincronizada com muitas outras ações de campanha, principalmente, as do marketing político clássica.
Fonte: Rodolpho