Há uma indagação assustadora e inquietante no pensamento de cada um de nós brasileiros. Para onde estamos caminhando como Nação? As paixões exacerbadas dos discursos e da propaganda midiática, fazem com que os brasileiros, divididos como se estivessem na arquibancada de um estádio de futebol, ajam sem o devido e responsável equilíbrio emocional e defendam posições sem a tranquilidade da interpretação racional dos acontecimentos. Estabelecido o conflito, o antagonismo exagerado só estimula as contendas, incita o ódio recíproco, produz as divergências na radicalização. O mais preocupante é que quem teria a responsabilidade maior de promover um ambiente nacional de concórdia é quem mais insufla os enfrentamentos inconsequentes.
Há a necessidade de que seja acenada a bandeira do diálogo, do entendimento, da união em favor da causa maior que é encontrar uma saída político-institucional para a crise. É como se o “apertar as mãos” fosse uma postura de capitulação, admissão da derrota, submissão ao adversário. Convenhamos que essa é uma posição acima de tudo burra. Esse clima de beligerância, cada vez mais extremado, não vai nos levar a lugar algum, a não ser o agravamento da situação.
Para vencermos a luta do combate à corrupção, que é de todos indistintamente, precisamos, primeiramente, abandonar a lógica cultural do “jeitinho brasileiro de levar vantagem em tudo”. É uma questão primeira de educação. Em segundo lugar, necessitamos de uma justiça igualitária, uma polícia de Estado apartidária e a preservação constitucional do Estado Democrático de Direito.
Enquanto estivermos nessa refrega sem fim, contrariando a ética e o império da legalidade, marcharemos para o abismo. E o pior é que não sabemos a profundidade desse abismo e a que distância estamos dele. Só Deus na causa, a não ser que acordemos para a realidade e compreendamos que somos uma Nação e que separados por ideologias e interesses político-partidários não alcançaremos a “ordem e o progresso” que se proclama na nossa bandeira.
É hora de desarmar os espíritos em nome de uma causa maior, a defesa da democracia, da soberania nacional e da luta contra as desigualdades sociais. É chegado o momento de nos livrarmos dos plutocratas, que teimam em fazer predominar o atendimento dos interesses de uma casta econômica em detrimento dos que não se situam no alto da pirâmide social. Que a participação popular deixe de ser uma farsa, tornando cada cidadão um protagonista da História, independente de sua preferência político-ideológica. Que a diversidade de pensamentos seja o alimento da solução que se faz necessária e urgente. Ninguém precisa abrir mão dos seus conceitos. Porém, essa briga fratricida não ajuda a encontrar o caminho da paz e da superação dos graves problemas que estamos enfrentando.